Um mês especial – Dia 30

O que você quiser.

Ufa! Cabou! Embora eu tenha sentido menos a angústia que Jady e Intense demonstraram, concordo que esse meme foi longo demais, me lembrem de nunca mais começar algo assim. E olha que estou deixando correr solto o Desafio Literário 2010, nem sei quantos meses tô atrasada, mas depois eu arrumo isso, procrastinação é meu sobrenome, eu sei.

Então se hoje é o que eu quiser, hoje eu não quero nada, quero só riscar da minha listinha de pendências algumas coisas que estão me perturbando o juízo (como a revisão de um livro que eu bestamente me ofereci pra fazer e tô pagando os pecados do mundo inteiro por esse meu repente de boa samaritana) e tentar organizar meus horários pra cumprir meus prazos.

Era tão simples na teoria… De manhã, eu sou MINHA. À tarde, DO MESTRADO. E à noite, DE MARIDO. Mas quem disse??? tô numa enrolação só, e não estou sendo DE NINGUÉM. Bléh.

Segue um texto da Época (perdi o link), que recebi por e-mail, e queria muito estar desfrutando desse sentimento no momento. Mas sei que ainda volto a ele.

Solidão contente

O que as mulheres fazem quando estão com elas mesmas

Ivan Martins

Arquivo Época

IVAN MARTINS
É editor-executivo de ÉPOCA

Ontem eu levei uma bronca da minha prima. Como leitora regular desta coluna, ela se queixou, docemente, de que eu às vezes escrevo sobre “solidão feminina” com alguma incompreensão.
Ao ler o que eu escrevo, ela disse, as pessoas podem ter a impressão de que as mulheres sozinhas estão todas desesperadas – e não é assim. Muitas mulheres estão sozinhas e estão bem. Escolhem ficar assim, mesmo tendo alternativas. Saem com um sujeito lá e outro aqui, mas acham que nenhum deles cabe na vida delas. Nessa circunstância, decidem continuar sozinhas.
Minha prima sabe do que está falando. Ela foi casada muito tempo, tem duas filhas adoráveis, ela mesma é uma mulher muito bonita, batalhadora, independente – e mora sozinha.
Ontem, enquanto a gente tomava uma taça de vinho e comia uma tortilha ruim no centro de São Paulo , ela me lembrou de uma coisa importante sobre as mulheres: o prazer que elas têm de estar com elas mesmas.
“Eu gosto de cuidar do cabelo, passar meus cremes, sentar no sofá com a cachorra nos pés e curtir a minha casa”, disse a prima. “Não preciso de mais ninguém para me sentir feliz nessas horas”.
Faz alguns anos, eu estava perdidamente apaixonado por uma moça e, para meu desespero, ela dizia e fazia coisas semelhantes ao que conta a minha prima. Gostava de deitar na banheira, de acender velas, de ficar ouvindo música ou ler. Sozinha. E eu sentia ciúme daquela felicidade sem mim, achava que era um sintoma de falta de amor.

Hoje, olhando para trás, acho que não tinha falta de amor ali. Eu que era desesperado, inseguro, carente. Tivesse deixado a mulher em paz, com os silêncios e os sais de banho dela, e talvez tudo tivesse andado melhor do que andou.
Ontem, ao conversar com a minha prima, me voltou muito claro uma percepção que sempre me pareceu assombrosamente evidente: a riqueza da vida interior das mulheres comparada à vida interior dos homens, que é muito mais pobre.
A capacidade de estar só e de se distrair consigo mesma revela alguma densidade interior, mostra que as mulheres (mais que os homens) cultivam uma reserva de calma e uma capacidade de diálogo interno que muitos homens simplesmente desconhecem.
A maior parte dos homens parece permanentemente voltada para fora. Despeja seus conflitos interiores no mundo, alterando o que está em volta. Transforma o mundo para se distrair, para não ter de olhar para dentro, onde dói.
Talvez por essa razão a cultura masculina seja gregária, mundana, ruidosa. Realizadora, também, claro. Quantas vuvuzelas é preciso soprar para abafar o silêncio interior? Quantas catedrais para preencher o meu vazio? Quantas guerras e quantas mortes para saciar o ódio incompreensível que me consome?
A cultura feminina não é assim. Ou não era, porque o mundo, desse ponto de vista, está se tornando masculinizado. Todo mundo está fazendo barulho. Todo mundo está sublimando as dores íntimas em fanfarra externa. Homens e mulheres estão voltados para fora, tentando fervorosamente praticar a negligência pela vida interior – com apoio da publicidade.
Se todo mundo ficar em casa com os seus sentimentos, quem vai comprar todas as bugigangas, as beberagens e os serviços que o pessoal está vendendo por aí, 24 horas por dia, sete dias por semana? Tem de ser superficial e feliz. Gastando – senão a economia não anda.
Para encerrar, eu não acho que as diferenças entre homens e mulheres sejam inatas. Nós não nascemos assim. Não acredito que esteja em nossos genes. Somos ensinados a ser o que somos.
Homens saem para o mundo e o transformam, enquanto as mulheres mastigam seus sentimentos, bons e maus, e os passam adiante, na rotina da casa. Tem sido assim por gerações e só agora começa a mudar. O que virá da transformação é difícil dizer.
Mas, enquanto isso não muda, talvez seja importante não subestimar a cultura feminina. Não imaginar, por exemplo, que atrás de toda solidão há desespero. Ou que atrás de todo silêncio há tristeza ou melancolia. Pode haver escolha.
Como diz a minha prima, ficar em casa sem companhia pode ser um bom programa – desde que as pessoas gostem de si mesmas e sejam capazes de suportar os seus próprios pensamentos. Nem sempre é fácil.

Uma resposta

  1. Olha, eu sinto falta do namorado quando ele não está, mas até gosto de ficar sozinha de vez em quando, viu? É isso ai mesmo, ficar de bobeira, pensando na vida, passar um creme no cabelo, cortar a unha, ouvir e dançar É o tchan(apagar), não se preocupar com nada nem com ninguém só com você!

  2. Olha, dessa vez até que não foi tanto – acho até mesmo que estou começando a lerdar no bem estar de estar sozinha e, bem. Da outra eu me sentia desesperada no vazio de poder ficar comigo e minhas coisas, e a tia terapeuta cobrou mto em cima disso…e vai daqui, vai dali, eu aprendi e comecei a gostar da minha própria quietude, silêncio, companhia, solidão. Qdo reatei o namoro, era ótimo estar sempre em dupla, mas me lembrava de alguns momentos com certa nostalgia. E, realmente, rola um preconceito gigante sobre isso…putz, não dá pra crer que tem quem queira estar sozinha?

    =/

    Qto ao meme: PUTA QUE PARIU. graças a deus que acabou. não aguentava mais!

    =*

  3. Que bom que alguém entenda um pouco da solidão feminina!!!!1
    Esta semana estava lixando as unhas e pensando: “Que bom!!!” (Incrível, mas foi só isso que pensei!)

    Aliás, quero dizer que, melhor que lixar as unhas, é roê-las. Isso mesmo!!! Roer as unhas é um gesto também massacrado por preconceitos: nervoso…insegurança…descontrole emocional…desespero… vício infantil….NADA DISSO !!!!!!!É um prazer delicioso !!!!!!!!
    Eu adoro !!! E se não faço uso contínuo desse hábito é em respeito à estética: as unhas ficam mais bonitinhas lixadas e pintadas. Uma pena!

    Bel, desculpe a ‘ mudança de rumo’ mas é que ando meio debochada…
    beijo.

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