Diário de Viagem – 5

Vou escrever sobre o embarque e primeiro dia (sábado, 25/02) no Grand Mistral, antes que esqueça, e enquanto as emoções estão vivas! Fico devendo os dois posts: O passeio com Karina e os dias em Tatuí. Podem cobrar.


No momento, são 07:03h do domingo, 26/02, – dia do meu aniversário de casamento com Marido –  e apesar de ter deitado mais de meia noite, tomado o remedinho mágico e ter dormido bem, já estou acordada. A cabine fica COMPLETAMENTE escura, e dentro dela não se sabe se é dia ou noite, nem se chove ou faz sol.


Para quem nunca fez um cruzeiro ou viajou de navio grande e tinha alguma dúvida, o navio “joga”, sim. E muito. Eu achava que não, que pelo tamanho ele tinha estabilidade pra que a gente não percebesse nem que estava num navio. E confesso que fiquei com dois medinhos: primeiro de ter uma crise de labirintite, e segundo, de mamis cair. Até agora, foi só medinho, está tudo bem com meu labirinto e com ela. Smiley piscando


Saímos de Tatuí às 07:06h, com medo de pegar aqueles famosos engarrafamentos na Rodovia Imigrantes, já que era sábado, dia do paulistano descer pro litoral… e chegamos às 10:13h em Santos, teoricamente cedo demais, mas de fato foi até bom. Fizemos logo o check in, preenchendo a ficha de imigração argentina (entramos com identidades, não usamos os passaportes), e esperamos até às 13h, quando começaram a chamar para embarque. Com fome, e entediados, o humor não era dos melhores, especialmente de Abelzinho, que quando emburra, EMBURRA.
   
   
   
Mas finalmente, entramos e fomos encaminhados direto pra restaurante, para almoço, antes de irmos às cabines. O cardápio trazia coisas estranhas, e cada um de nós pediu um prato diferente: Caldereta de lulas, pastel de porco, fugini ao molho de tomate e afogado de legumes. Todos estavam gostosos, mas todo mundo achou pouco… porque só pedimos o prato principal, pulamos a entrada e a salada. Mas aprendemos, e no jantar já pedimos tudo certinho.
    
    
  

Fomos para uma “patrulha de reconhecimento” do navio, descobrir onde era o Teatro, piscina, biblioteca, acesso à interner (#FAIL) e afins.
 
    
    
    
Depois do almoço fomos levar os velhinhos à cabine, e instalá-los, para depois irmos pra nossa. São próximas, mas não vizinhas. A sorte é ter interfone entre elas, facilita um bocado.
As cabines (internas) são pequenas, mas não desconfortáveis. Tem TV (canais abertos intermitentes, canais do navio e 3 canais de filmes com horários em português e espanhol, frigobar (que estamos ignorando), interfone, cofre com segredo e um monte de espelhos, para ela parecer maior. Tinha uma cama de casal arrumada, mas como tinha também duas camas suspensas dobradas nas paredes laterais, pedimos para fazer uma delas, e estou dormindo na de casal enquanto o filhote dorme em cima.


Teve uma palestra sobre a “vida a bordo” com o Diretor de Cruzeiro, um engraçadinho que termina todas as suas falas com “tchau tchau tchau tchaaaaaaau…” TOSCO. Meu pai domiu na palestra, e é claro que ficou sem saber de muitas coisas, inclusive que não podia ir jantar de bermuda, camiseta ou chinelo. Quando falei pra ele que tinha horário e essas exigências pro jantar, ele ficou azedo, e disse que “não gosta de ser mandado”. Foi TENSO. E pra completar, acabou a bateria do aparelho auditivo dele, e jantar com um burburinho de gente e ele sem entender, oscilou entre engraçado e irritante. Abelzinho também não gostou do lance do traje pro jantar, mas vestiu calça a contragosto e ficou reparando se encontraria algum homem de bermuda. Tinha vários, e ele já decretou: calça, nunca mais.
    

Depois da palestra, um treinamento básico de emergência: onde pegar os coletes, para onde ir até pegar os botes salva-vidas, etc. Como nossas cabines são em corredores opostos, tivemos que testar mesmo se os dois conseguiriam se safar numa situação de emergência, pois nos coletes está marcado o número da cabine e o ponto de encontro, então, não podíamos ficar juntos mesmo. Thanks God, deu tudo certo no treinamento (que todos consideramos muito besta, igual às instruções de segurança das comissárias de bordo nos aviões).    
    
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O cartão vermelho foi entregue no treinamento, e repassado para as autoridades portuárias, o que confirma nossa presença no navio, para posterior identificação, se necessário. Encontrei um casal que não entregou o cartão vermelho, e quando foi registrar o cartão de crédito deu “cartão inválido”, dizendo que eles não estavam no navio. Não sei como foi resolvido. Smiley mostrando a língua


É necessário registrar o cartão de crédito para os gastos a bordo, ou fazer um depósito de 200 dólares por cabine. Eu registrei o meu, mas papi não levou o dele na hora do jantar, e acabou que se não registrar até às 10h de hoje vai morrer nos dólares mesmo. Acho que vamos gastar pouco aqui dentro, por conta de não bebermos álcool nem sermos consumistas, mas de todo jeito dá um medinho de deixar dólares lá e na hora do encontro de contar ter alguma surpresa desagradável. (UPDATE: Corri e registrei o dele nos últimos 5 minutos disponíveis).
Nosso camareiro é o Fábio, de Recife. Muito simpático, como tambem os nossos garçons: Leandro e Leonardo. Sério, gente. Leandro é brasileiro, e Leonardo da Nicarágua.  O staff do navio tem se mostrado muito atencioso, claro que desejando que gastemos muito a bordo, tem uma “rua” de lojas, com tudo de supérfluo (pra mim) que se possa imaginar.
Depois do jantar, pusemos os velhinhos na cama, fomos pra nossa cabine assistir a novela (Rá!) e esperar a hora do show no teatro. Foi lindo, GIZA, uma noite no Egito, com dança, mágica e acrobacias. Gostamos.
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Depois demos um passeio pelos decks superiores, que estavam absolutamente VAZIOS, só nós dois andando por lá. #MEDO. Abelzinho parecia uma criança, querendo chegar perto de tudo o que aparentasse perigo. Ai ai.
Bom, agora vou ali, acordar os companheiros de viagem para o café. A programação de hoje, para mim, inclui: Alongamento na academia e aula de tango \o/ .

Meio da tarde, e eu aqui de novo. Fiquei meio melancólica de lembrar que hoje é nosso aniversário de casamento e estou longe de Marido. Que eu gostaria que ele estivesse aqui, ou que gostaria de estar com ele, em qualquer lugar, mesmo em casa, no nosso sofá. Que toda hora tem algo que eu gostaria de falar pra ele, que queria comentar os livros que estou lendo, o livro que comprei pra ele, e quase posso ouvi-lo dizer está se sentindo uma criança, já que a média de idade neste cruzeiro parece ser de mais de 70!
Ontem ele me disse que está fazendo as fotos do nosso projeto 365 dias a dois, e isso foi tão importante pra mim, sabem? Algo que eu inventei, que pode parecer uma bobagem, mas que ele embarcou junto comigo, e que nesses dias de distância, ainda estamos juntos em nossos planos.
A essa hora deve estar entrando um post programado celebrando nosso aniversário (2 anos é Bodas de que?) que ele nem sabe que vai entrar, e que eu não vou poder moderar os comentários, já que estou completamente sem internet (10 dólares por meia hora não rola, né?) e não sei como vai ser até sexta, que é quando voltaremos ao Brasil, depois de Buenos Aires e Punta del Este, onde o celular não vai pegar.
Fui pro alongamento depois do café da manhã, foi gostoso, mas perdi a aula de tango à tarde. Deixei o casal de fofonildos no restaurante a la carte e hoje almoçamos na pizzaria à beira da piscina. Pizza gostosa, e liberada das 13h às 20h. Desci e Abelzinho veio na cabine, pegou o iPod e voltou pra lá. Será que nessa semana ele engorda?
Hoje é a Noite de Gala, não estou muito a fim de ir, mas decidi aproveitar tudo, pra não me arrepender depois. Ah, vou vestir o mini-quimono (que a Roberta disse que não é quimono, é um “vestido chinês, e nem é vestido…”) logo, pra aproveitar a oportunidade, e se eu morrer, não deixo ponta pra ninguém.
Comecei a ler Comer, Rezar, Amar (Elizabeth Gilbert) emprestado de Nancy, bem no dia em que vai passar o filme no cinema do navio. Lógico que não vou assistir, preciso ler o livro primeiro.  E já adianto que estou adorando. Sinto como se em determinadas partes ela traduzisse exatamente o que eu senti em alguns momentos de minha vida. Esse é daqueles livros que posso ler direto, sem precisar exonomizar, porque sei que posso – e vou – ler várias vezes. As reflexões que a autora faz sobre a vida são bem próximas das minhas.  Depois vou escrever especificamente sobre o livro.
Além desse, que trouxe especificamente para ler na viagem, comprei na Livraria Cultura de São Paulo três livros: Walking Dead (livro que inspirou a série de TV) para o filhote; Feliz por Nada, de Martha Medeiros pra mim e Última Estação: Paris, que conta a história dos nomes das estações do metrô parisiense, de presente para Marido. Então, não vai faltar o que ler. Vou voltar pro livro, agora.

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